segunda-feira, 24 de junho de 2013

Toca Discos Revox


















A Revox é muito conhecida por seus gravadores.
O que talvez pouca gente saiba é que ela também fabricou toca discos.
Todos tinham motor direct drive e braço tangencial.








 




O conceito destes toca discos era a fácil utilização, o usuário jamais tocava no conjunto cápsula/ agulha em momento algum, e uma melhor reprodução sonora em função do ângulo tangencial de leitura do disco, que produz menos distorção e é capaz de tirar todo potencial do registro do LP.




 





 A idéia de utilizar braço tangencial não era nova. Na verdade o primeiro braço em linha reta foi inventado por Thomas Edson em 1877. Mas quando o Gramofone surgiu o braço radial se tornou padrão.



Muitos fabricantes lançaram modelos de pick ups tangenciais: Marantz, Harman Kardon, Garard, Bang & Olufsen, Pioneer, Technics, entre outros. Cada um com sua própria tecnologia.


 






De todos os toca discos tangenciais que passaram por minhas mãos, nestes cinquenta anos, considero a tecnologia tangencial da Revox a mais bem resolvida.



 


Eu explico, foi colocado nestes toca discos um motor direct drive com efeito de campo que não gera pulso nem trepidação. 


O braço é curto, de forma que não perde a aderência numa possível ondulação do vinil. 


O transporte é facilitado por um sistema eletrônico de leitura óptica do andamento da cápsula e o braço é acionado por motores. 

Se você não quiser ouvir o disco todo, você pode simplesmente virar o braço e trocar o disco sem ter de aguardar o retorno do braço. 


Outra facilidade é que não é necessário uma cápsula específica de conexão e fixação mecânica, qualquer cápsula serve, ela só não pode ser trocada a qualquer momento, pois a substituição da cápsula requer um trabalho especializado.



 








Em resumo, as vantagens da tecnologia Revox em relação aos outros toca discos tangenciais, na minha opinião, são:
Possuir um motor direct drive que não dá pulsos, é acionado por um efeito de campo controlado.
Poder trocar de faixa ou de disco sem esperar o retorno total do braço.
Aceitar qualquer cápsula.
Ter braço de transporte da cápsula curto, o que evita flutuações de leitura em função de desníveis  do próprio disco.



Recentemente restaurei um B790 e tenho mais dois na fila. Veja o vídeo.
























terça-feira, 18 de junho de 2013

Revox PR 99










O PR 99 MkI é basicamente uma evolução do B77.
Tem entradas e saídas balanceadas (XLR), Sync playback, ajustes de calibração de fácil acesso, transporte de fita melhorado com duplo braço tensor e cabeças acima do painel, mais acessíveis para limpeza, marcação e edição - característica que fez do PR99 uma máquina de manuseio muito mais profissional que o B77.



















O PR 99 MkII veio com um contador de fita digital de tempo real e função memória, ajuste de velocidade, ajuste de HF (o MkI e os B77 só tem ajuste de nível), uma eletrônica mais complexa (ao contrário dos circuitos discretos) e comutadores FET no caminho do áudio (ao invés de comutadores mecânicos).











PR 99 MkIII

















O MkIII tem uma aparência diferente, mais orientada para broadcast. 
Ele não tem Sync, há uma versão com pistas de 2.75 mm de largura (a versão comum de 2 pistas tem pistas de 2 mm) e cabeça apagadora full track. Também tem uma eletrônica mais complexa com op amps ao invés de circuitos discretos e tomada IEC de três pinos.







PR 99 MkI

PR 99 MkI

PR 99 MkI

PR 99 MkI

PR 99 MkI










Getulio Cinquetti avaliando o reparo efetuado em um PR 99 MkII


Todos os modelos PR 99 tiveram várias versões, dos normais estéreo rec/play, playback only e os raríssimos monofônicos.


 
PR 99 MkI


PR 99 MkI

PR 99 MkI







































 
 O PR 99, apesar de ser um aparelho "moderno" e com uma qualidade de gravação muito boa, está abaixo da linha Studer ou de um A700 Revox - que na verdade é um Studer "maquiado" para uso doméstico.
Mas isso é assunto para outra postagem. 




domingo, 16 de junho de 2013

Gravador Revox - Limpeza dos cabeçotes


Para ter uma elevada qualidade de gravação e reprodução você precisa ter as cabeças alinhadas, isto só um técnico especializado pode fazer. 
Fazer a limpeza das cabeças de qualquer gravador analógico é uma manutenção obrigatória, regular e constante que todo usuário deve executar.

As fitas magnéticas soltam pó de óxido, que pode causar desgaste das cabeças.
A limpeza constante aumenta a vida útil das cabeças evitando a substituição precoce deste item caro e cada vez mais difícil de ser encontrado no mercado.

Além disso, se a cabeça de apagamento não for bem limpa, sinais do áudio de uma fita utilizada anteriormente serão ouvidos na próxima gravação. Já uma cabeça de gravação ou reprodução sujas vão reduzir a gama de resposta de frequência.


Como fazer a limpeza

1. Desligue o aparelho da tomada de força.
2. Coloque-o em posição horizontal sobre a mesa.
3. Retire a cobertura dianteira de proteção.
4. Jamais encoste nenhum objeto metálico sobre as cabeças.
5. Nunca mexa nos parafusos de fixação.
6. Utilize apenas álcool isopropilico e cotonetes.
7. Limpe as cabeças, como descrevo no vídeo abaixo, e todo o caminho por onde elas passam.








 

 

 

 

 

 

 

De quanto em quanto tempo você deve fazer esta manutenção.

Tudo depende da qualidade das suas fitas. Fala-se de fazer a limpeza a cada 30 horas de uso. Mas fitas velhas soltam muito mais óxido que as novas, algumas até ficam pegajosas. Então a frequência depende muito mais do estado das suas fitas do que das horas de uso. Independentemente disto, antes de fazer qualquer gravação, limpe as cabeças.


Antigamente existiam no mercado kits de limpeza da própria Revox

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cabo de Força Revox


Esta semana chegou até mim um B77 de uso profissional para manutenção.
Qual não foi o meu espanto ao ver que o cabo de força, além de não ser original, estava com o plug cortado e com os fios soldados nos terminais de entrada de força.

Conversei com o proprietário do aparelho sobre os riscos de tal “gambiarra”, ele declarou que não tinha interesse em adquirir um cabo original pois, além de raro e difícil de achar, era muito caro. Propus uma solução, trocar a tomada de entrada original por uma de três pinos, dessas de computador. Assim ele poderia utilizar qualquer cabo, com total segurança.

Fazer a troca é muito simples, mas atenção, se você não tem experiência, nem habilidade, procure um técnico especializado:



1. Desligue o aparelho da tomada
2. Retire o gabinete.
3. Solte o parafuso que segura o quadro de entrada de força.
4. Com um ferro de solda, solte os fios da tomada.
5. Com uma furadeira, retire os rebites de fixação da tomada original.
6. Coloque uma nova tomada de três pinos, fixe-a com parafusos e porcas.
7. Solde novamente os fios de alimentação e aproveite para fazer o aterramento no chassis do aparelho.
8. Parafuse a caixa de volta, monte o gabinete e use o cabo mais simples ou High End que quiser.




 














Particularmente não gosto de alterar a originalidade de nenhum aparelho, neste caso fiz esta adaptação apenas para garantir a segurança do usuário.

sábado, 8 de junho de 2013

Porquê Revox Man

Sou Getulio Cinquetti, um apaixonado por música, gravadores e reprodutores de áudio. 

Desde garoto tive muito interesse por mecânica. Fazia meus brinquedos com os materiais que encontrava: madeira, pregos, latas, arames, varetas de guarda-chuva etc.

Aos sete ou oito anos, resolvi pôr para funcionar o gramofone de meu avô. Era um modelo de móvel, tipo console. Depois de lavar o mecanismo com querosene, lubrifiquei os eixos e engraxei a corda; já estava rodando, mas não tinha agulha. Peguei uma agulha da máquina de costura da minha mãe, quebrei o pedaço que precisava e adaptei no braço do diafragma, coloquei um 78 RPM e funcionou!


Um dia, um amigo de meu pai trouxe uma gravação de um discurso de Getulio Vargas em um gravador magnético de arame, fiquei maravilhado com aquela máquina.

Com quatorze, quinze anos, fiz alguns rádios de galena. Um deles montei numa caixa de madeira do chá Mate Leão, tinha até dial de sintonia. Mais à frente, com dezoito, dezenove anos, montei meus primeiros amplificadores à válvula.

Tornei-me técnico em eletrônica e, por obra do destino, me especializei em Revox.
Trabalhei na Wilkasom, na Amaral & Campos, na Intertron, na Gianini, na Royal mas foi aos trinta anos, quando fui trabalhar na Importécnica - representante oficial da marca no Brasil - que passei a ter verdadeira paixão pelos produtos Revox.

Aprendi a amar os Revox pelo contato que tive com outras marcas e pela forma como  Willi Studer criava e produzia seus produtos - sempre com muito respeito aos seus usuários. 

Este respeito carrego comigo e deposito em cada aparelho que chega em minhas mãos, seja para fazer um simples reparo ou uma restauração completa.

Em quarenta anos, consertei milhares de aparelhos Revox, e eles continuam chegando.

Neste espaço, quero compartilhar com vocês um pouco do que aprendi, e continuo aprendo, com estas máquinas maravilhosas. 
Afinal, talvez eu seja um dos últimos técnicos verdadeiramente especializados na marca Revox ainda em atividade, no Brasil.